domingo, 25 de janeiro de 2009

Escolhas

A minha vida não é ruim, afirmo isso outra vez para que não pareça ingrato, mas houve um momento em que precisei fazer escolhas. Eu tive que escolher entre ter um emprego seguro, "bom", e ser "supostamente" livre. Escolhi estar trabalhando nos finais de semana, feriados, aniversários de pessoas queridas, nos dias de reuniões de amigos, em troca de alguns trocados e uma segurança. Escolhi ter que voltar cedo, estar sempre olhando a retaguarda, andar atento, temeroso, por uma ascensão social. Escolhi não poder deixar cabelo grande, penteados legais, barba por fazer. Meu sonho era ser descolado, cabeludo, barbado, hippie, vendendor de sanduíche natural em Itacaré, fotógrafo. Eu escolhi esse mundo.

Quando fiz as minhas escolhas, precisei me afastar dos amigos, aprender a esperar a sexta-feira chegar com mais parcimônia, a não estar tão presente na vida das pessoas que eu gosto, talvez temporariamente, mas ainda assim difícil. Não me arrependo do que escolhi, não é isso, mas sei que poderia ter tido outro caminho.

Logo quando cheguei ao novo mundo, um antigo morador do lugar me disse: "Lembrem-se senhores, muitas vezes deixarão de estar com quem amam pra estar aqui, e não esqueçam que é muito mais frustante eles do que pra vocês, quando os senhores precisarem desmarcar compromissos, dizer que não podem ir, que estarão trabalhando, ou não.". Fiz dessa frase lema. Tentei com todas as forças, fiz de tudo, pra estar o mais próximo possível, pra não precisar desmarcar nada, pra ser presente. Eu sei que falhei, muitas vezes.

Puxei conversas sem sentido, perguntei de coisas que já sabia. Menti, inventei artes, fugi, permutei serviço, fiquei acordado até tarde, saí de virote, deixei de estudar, mas sempre tentando o melhor.

Eu fui ao mundo, pra que não deixasse nada morrer. Eu fui ao mundo de vocês.

Não sei quando começou, mas estou cansando. Não sei o que aconteceu, mas agora eu os espero no meu mundo. Cansei, mas estou bem, com todos vocês.

Vocês sabem.

"Em paz eu digo que eu sou
O antigo do que vai adiante
Sem mais eu fico onde estou
Prefiro continuar distante..."


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Daniel, 22 anos, libriano de carne, osso e acordes. Começa a escrever quando acha que não se deve deixar pra trás o que sente. Geralmente está na fossa. Caso não encontre-o lá, procure-o nas nuvens. Uma mistura de "sabe-se lá o quê" com filhote de sabiá. Pois bem, não sei o que sou. "...eu costumo ser o coadjuvante da vida, de todos."


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